terça-feira, 18 de março de 2014

O Início do Modernismo em POA: Moinho Rio-Grandense

Em posts recentes foram abordados diversos prédios com a temática do Modernismo, principalmente de inspiração Art Déco, como foi o caso dos hotéis Carraro e Jung. Günter Weimer fez um importante estudo sobre o Modernismo na cidade que culminou com o excelente livro "Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945" publicado em 1998. 
Nesse post é apresentado o Moinho Rio-Grandense que pode ser tomado como um percursor do Modernismo na cidade. Para uma melhor contextualização do impacto desta edificação no estudo da arquitetura de Porto Alegre, devemos como era a situação das construções fabris no período anterior ao início da Primeira Guerra Mundial. Esta época se caracterizou pelo mercado de exportações aquecido, fazendo com que os empresários da capital acumulassem capitais. Isto refletiu na arquitetura que era criada na época, Weimer (1998) apresenta como exemplo típico do período o prédio da Cervejaria Bopp, rico em motivos ornamentais.


Fachada ornamentada da antiga Cervejaria Bopp (atual Shopping Total), sendo estes detalhes onerosos para a obra.

Entretanto com o início da Primeira Guerra as exportações sofreram uma grande redução em seu fluxo de negócios, criando uma crise entre mercados internacionais. Isto afetou o Rio Grande do Sul e consequentemente Porto Alegre, por outro lado o comércio interno acabou aquecido. Esta mudança de mercados fez com que a acumulação de capital fosse drasticamente reduzida. Os investimentos fabris foram de certa forma criados, mas foram empregados de uma maneira não tão exacerbada quanto no período anterior a Guerra. Isto fez com que a arquitetura industrial fosse simplificada, eliminando assim os elementos decorativos e dando preferência em características de funcionalidade do conjunto arquitetônico (WEIMER, 1998). 
A primeira edificação que se utilizou dos preceitos decorrentes da nova realidade econômica foi o Moinho Rio-Grandense. O prédio localizado na Voluntários da Pátria teve seu projeto aprovado pela prefeitura em 1915 sendo assinado por Antônio Faria dos Santos (WEIMER, 1998). Por ser de um período do aquecimento da industrialização para o comércio interno, nota-se que o moinho preza pela funcionalidade e não se utiliza de motivos ornamentais, algo pioneiro para a época.


Estado atual do prédio. Nota-se a inexistência de motivos ornamentais.

Weimer (1998) aponta o prédio do Moinho Rio-Grandense como de importância internacional por suas soluções formais. Estas características foram vistas como de gosto duvidoso para a época, mas após o fim da  Primeira Guerra, acabaram dialogando com o que viria postulados do Modernismo.

WEIMER, Günter. Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 1998.

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