Atualmente venho dedicando um
pouco do meu tempo ao estudo do início da arquitetura modernista em Porto
Alegre. Pretendo me aprofundar mais no assunto e criar uma boa sequência de
posts para o primeiro semestre de 2014. Esta pesquisa teve como ponto inicial o
livro “Arquitetura Modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945” de Günter
Weimer, o qual comprei há alguns anos.
Dentro da arquitetura de Porto Alegre é recorrente citar o
nome de Fernando Corona. Além de responsável por diversos projetos arquitetônicos
na cidade, também foi um destacado professor, ensaísta e escultor.
Corona projetou sua moradia na Rua Doutor Timóteo sendo esta
aprovada pela Prefeitura de Porto Alegre em 1934 (WEIMER, 1998). A residência
do arquiteto era caracterizada pela simplicidade dos traços e completa
inexistência de adornos, caracterizando-se como um típica construção influenciada
pelo Modernismo.
Segundo Weimer (1998), a casa de Fernando Corona apresentava
a peculiaridade de se apoderar de uma linguagem que estava iniciando e que,
consequentemente, ainda estava sendo bastante criticada. O pesquisador citado aponta que tecnicamente o
edifício não apresenta valores técnicos singulares, mas é um dos sobreviventes
do início do Modernismo em Porto Alegre.
A construção atualmente apresenta uma grande descaracterização.
Weimer (1998) em seu livro já apontava que o local estava com uma vitrine,
porta e elementos vazados que não eram de seu projeto inicial. Abaixo segue
reprodução da fachada desenhada por Weimer.
Retirado de: WEIMER, Günter. Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 1998, p. 65-66.
Em imagem retirada da dissertação de Szekut (2008), sendo esta originalmente componente do acervo da Sra. Magali Corona, nota-se Fernando Corona com Oscar Niemeyer e a turma de arquitetos do IBA em 1949 na frente da respectiva residência.
Retirado de: SZEKUT, Alessandra Rambo. Vertentes da modernidade no Rio Grande do Sul: a obra do arquiteto Luís Fernando Corona. 2008, 349 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008, f.23.
No registro fotográfico feito no dia da presente postagem,
notam-se diferenças referentes a fachada. Elementos de madeira tapam boa parte
da estrutura, como é o caso da sacada, e duas colunas falsas foram inseridas. O
prédio ainda perde todo seu aspecto visual de sua estrutura pelo uso da cor
preta, que serve para realçar a logomarca e a vitrine da loja que funciona no
local.
É uma lástima que a antiga residência encontre-se em tão inexpressiva
(ou seria escondida?). O exemplar, além de ser um dos primeiros representantes
da vertente modernista aplicada em domicílios, carrega o legado de ter sido a habitação
do imprescindível Fernando Corona.
SZEKUT, Alessandra Rambo. Vertentes da modernidade no Rio
Grande do Sul: a obra do arquiteto Luís Fernando Corona. 2008, 349 f.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: < http://hdl.handle.net/10183/18362>
. Acesso em: 17 fev. 2014.
WEIMER, Günter. Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 1998.