terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Residência de Fernando Corona

Atualmente venho dedicando um pouco do meu tempo ao estudo do início da arquitetura modernista em Porto Alegre. Pretendo me aprofundar mais no assunto e criar uma boa sequência de posts para o primeiro semestre de 2014. Esta pesquisa teve como ponto inicial o livro “Arquitetura Modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945” de Günter Weimer, o qual comprei há alguns anos.

Dentro da arquitetura de Porto Alegre é recorrente citar o nome de Fernando Corona. Além de responsável por diversos projetos arquitetônicos na cidade, também foi um destacado professor, ensaísta e escultor.

Corona projetou sua moradia na Rua Doutor Timóteo sendo esta aprovada pela Prefeitura de Porto Alegre em 1934 (WEIMER, 1998). A residência do arquiteto era caracterizada pela simplicidade dos traços e completa inexistência de adornos, caracterizando-se como um típica construção influenciada pelo Modernismo.

Segundo Weimer (1998), a casa de Fernando Corona apresentava a peculiaridade de se apoderar de uma linguagem que estava iniciando e que, consequentemente, ainda estava sendo bastante criticada.  O pesquisador citado aponta que tecnicamente o edifício não apresenta valores técnicos singulares, mas é um dos sobreviventes do início do Modernismo em Porto Alegre.

A construção atualmente apresenta uma grande descaracterização. Weimer (1998) em seu livro já apontava que o local estava com uma vitrine, porta e elementos vazados que não eram de seu projeto inicial. Abaixo segue reprodução da fachada desenhada por Weimer.

Retirado de: WEIMER, Günter. Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 1998, p. 65-66.

Em imagem retirada da dissertação de Szekut (2008), sendo esta originalmente componente do acervo da Sra. Magali Corona, nota-se Fernando Corona com Oscar Niemeyer e a turma de arquitetos do IBA em 1949 na frente da respectiva residência.

Retirado de: SZEKUT, Alessandra Rambo. Vertentes da modernidade no Rio Grande do Sul: a obra do arquiteto Luís Fernando Corona. 2008, 349 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008, f.23.

No registro fotográfico feito no dia da presente postagem, notam-se diferenças referentes a fachada. Elementos de madeira tapam boa parte da estrutura, como é o caso da sacada, e duas colunas falsas foram inseridas. O prédio ainda perde todo seu aspecto visual de sua estrutura pelo uso da cor preta, que serve para realçar a logomarca e a vitrine da loja que funciona no local.



É uma lástima que a antiga residência encontre-se em tão inexpressiva (ou seria escondida?). O exemplar, além de ser um dos primeiros representantes da vertente modernista aplicada em domicílios, carrega o legado de ter sido a habitação do imprescindível Fernando Corona.


SZEKUT, Alessandra Rambo. Vertentes da modernidade no Rio Grande do Sul: a obra do arquiteto Luís Fernando Corona. 2008, 349 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: < http://hdl.handle.net/10183/18362> . Acesso em: 17 fev. 2014.

WEIMER, Günter. Arquitetura modernista em Porto Alegre: entre 1930 e 1945. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 1998.

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