Quem desce pela rua Doutor Flores
no Centro de Porto Alegre se depara com um gigantesco prédio de esquina com a
Rua Otávio Rocha onde atualmente funciona uma loja Manlec. A edificação chama a
atenção do transeunte por ser toda pintada em tons de amarelo e pelo fato de, enigmaticamente,
quase não apresentar nenhuma abertura nos andares superiores.
Segundo Oliveira (2010), o prédio
em questão foi projetado em 1933 pelos arquitetos Saul Macchiavello e Antonio
Rubio para fins de uso misto (residencial, comercial e de serviços), recebendo
o nome de Edifício Comendador Chaves. Não se sabe ao certo quais empresas
utilizaram-se inicialmente do local, mas em 1935 a Sociedade Amante Carraro e Irmãos
comprou o local e acabou criando o Hotel Carraro, sendo este um dos locais mais
luxuosos para ficar hospedado na capital, até com direito a elevadores (caríssimos
para a época).
O prédio tem uma grande
importância para a história da arquitetura de Porto Alegre. Oliveira (2010) o
caracteriza dentro do estilo Art Déco,
sendo portador de características Déco
ziguezague (motivos geométricos com detalhes
marajoaras) com Déco steamline (sensação
aerodinâmica de conduzir o olhar para certos pontos da edificação). Sua
construção foi executada através do uso de concreto armado, uma técnica
interessante para a sua época.
O que mais chama a atenção na
análise do Edifício Comendador Chaves é pela total descaracterização de sua
fachada original. Nota-se por imagens da época que o local tinha uma profusão
de aberturas e vãos que separavam a volumetria. Não se sabe em qual época esses
elementos foram eliminados e simplesmente tapados com concreto, transformando o
prédio em uma espécie de grande paredão. Talvez um dia a podemos ter uma restauração.
Vista frontal do estado atual
Vista frontal de quando ainda funcionava o antigo Hotel Carraro. Retirado de Oliveira (2010, p.172)
Vista lateral mostrando a praça Otávio Rocha no primeiro plano. Notam-se os vãos que foram encobridos com o passar dos anos. Retirado de Oliveira (2010, p.160)
Vista atual mostrando a praça Otávio Rocha
Detalhe atual da fachada com os espaços onde anteriormente existiam janelas e vãos.
Pilares aparentes que dão a sensação de aerodinâmica e os ornamentos geométricos.
PS.: Antes da Manlec a Loja Mesbla funcionou no antigo edifício do Hotel Carraro
Oliveira, Rogério Pinto Dias de. Saul Macchiavello & Antonio Rubio: modernidade arquitetônica em Porto Alegre (1928-1938). 2010, 215 f. Dissertação (Mestrado em História)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em História, Faculdade de Filosofia e CIências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10923/3840> . Acesso em: 10 mar. 2014.
8 comentários:
Eu acredito ter conhecido o hotel, e adoraria poder ver a restauração , retomando a edificação antiga!!!
Até que ano a Mesbla ficou instalada no prédio que foi o Hotel Carraro? obrigado. Paulo
Meu primeiro emprego foi neste prédio, na galeria de artes Carraro, que funcionava no primeiro andar, local do antigo restaurante do hotel. Isso foi no ano de 1965, a galeria pertencia a Fernando Luiz Carraro. O prédio era muito bonito e imponente, tinha um terraço muito bonito também. E uma lástima que hoje esteja tao horroroso, um assassinato arquitetônico.
Olá Vitor! Concordo contigo. Um crime o que foi feito com a arquitetura deste prédio. Total falta de respeito com a memória da cidade de Porto Alegre. Lembro da galeria de artes em que trabalhastes, junto com a Shirlei. Na época, meu querido e saudoso Valter, teu pai, era o gerente do ainda hotel. Lembranças do Olivar, Osmar e Cilon.
Forte abraço do
Herminio Renato.
E antes da Mesbla, foi a Casa das Sedas, da família Estrougo.
Pq ela não tinha janelas para as áreas externas?
Em 1978 eu comecei a trabalhar na loja Renner.tinha a casa das sedas onde era hotel Carraro
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