terça-feira, 23 de março de 2010

O Julinho e Sua História

O Colégio Estadual Júlio de Castilhos está completando 110 anos hoje. Uma das instituições públicas mais antigas do Rio Grande do Sul, berço de diversos líderes políticos e intelectuais. Sempre com uma conotação política latente, o Julinho concentra até a atualidade os alicerces do movimento estudantil. Na época da ditadura, os porões do prédio modernista da Praça Piratini, abrigaram os chamados "subversivos".

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Sua sede original era em um porão de um do Instituto de Engenharia de Eletro-Técnica. Nessa época tinha tinha a nomenclatura de Ginásio do Rio Grande do Sul. Somente 1908 ele recebeu o nome de Julio de Castilhos. Após alguns anos teve seu devido prédio sediado no local onde fica a atual faculdade de economia da UFRGS. Era um dos mais luxuosos edifícios da capital, construído entre 1909 e 1911. Seu projeto foi elaborado por Manoel Itaqui. Possuía em sua fachada duas gigantescas estátuas representando as ciências e as artes. Tal glamour era atribuído ao fato de que seus estudantes eram da elite da cidade.

Imagem da primeira sede no prédio da engenharia.

Imagem do antigo prédio do colégio.

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Em 16 de novembro de 1951 os alunos depararam-se com o prédio em chamas. Não foi achada a causa real de tal sinistro na época, sendo até hoje formulada a teoria de "sabotagem". Sobraram dessa feita apenas as estátuas da fachada (que foram perdidas ou destruídas de maneira até hoje desconhecidas) e um conjunto formado por um busto de Julio de Castilhos com dois grifos (eles são mantidos até hoje no saguão do atual colégio).

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No final da década de 50, após vários anos em lugares improvisados, o colégio ganha uma nova sede em um monumental prédio de estilo moderno. Até hoje é considerado um dos maiores colégios com área construída do Rio Grande do Sul. Até os anos 70 havia uma grande demanda de alunos (cujo ingresso se dava por uma espécie de vestibular). Entre diversos fatos importantes deve-se destacar o surgimento do movimento tradicionalista gaúcho dentro da escola.

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O Julinho mantinha uma tecnologia de ponta de ensino, com laboratórios, auditório e até mesmo um sistema de aulas por vídeo conferência. A sua estrutura de dois prédios  interligados era inteiramente usada em todos os turnos de aulas. Com o passar do tempo o governo estadual achou que era desnecessário concentrar tanto investimento em um único estabelecimento de ensino. Sendo assim, nos anos 80 o colégio começou com um sucateamento sem fim. Dando a minha opinião de ex-aluno, afirmo que nem metade da infrestutura é utilizada atualmente. Uma grande pena, o prédio oferece diversas possibilidades que não são exploradas. Tirando esses pontos negativos, devemos exaltar uma instituição mais que centenária.

Atual prédio.




Fontes:


ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre – História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.

Zero Hora do dia 23/03/2010

Imagens:

Dos antigos prédios: www.lume.ufrgs.br
Colégio atual: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq041/041_00_04.jpg

3 comentários:

Suziley disse...

É isso mesmo, Jonas, parabéns a essa instituição centenária. Que bom seria se o governo estadual tornasse ainda melhor o Júlio com tudo aquilo que ele e os alunos que, ali, agora estudam merecem. Excelente postagem! Boa semana, abraço, :)

Unknown disse...

Fiz meu exame de admissão em 1964 e estudei no Julinho ate o 1° científico, ótimas lembranças.

Unknown disse...

Saudades do grande professor Godofredo Macedo!