José Francisco Alves (2004) detalha em seu livro que em 1980 o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) teve um projeto de ocupar espaços da Praça da Alfândega com obras pertencentes ao seu acervo. Duas obras foram colocadas sendo uma de autoria de Miriam Obino e outra de Karoly Pichler, esta segunda já não se encontra mais na praça. A estátua de Obino retrata uma mulher em movimento de corrida, anos atrás ela estava bem degradada mas foi restaurada recentemente junto com o projeto de revitalização da Praça da Alfândega.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Estátua do General Osório
Monumento ícone da Praça da Alfândega por sua localização privilegiada em um alto pedestal. O general Cipriano da Costa Ferreira foi o líder da comissão formada em 1929 para concorrência pública de uma homenagem ao marechal Manoel Luís Osório, patrono da Cavalaria do Exército e herói da Guerra do Paraguai. No regulamento original estava prevista que a estátua deveria ser pedestre e que o autor fosse brasileiro nato. No ano de 1931 foi escolhido o projeto do carioca Hildegardo Leão Velloso, sendo que houve uma flexibilização nas regras permitindo assim que Osório fosse retratado montado em um cavalo (ALVES, 2004).
Em 7 de agosto de 1933 foi feita uma grande cerimônia de inauguração com João Maia como orador oficial e representando o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Existiu também uma medalha comemorativa a ereção do monumento em 1933 (ALVES, 2004). Até hoje o o único furto do local foi de uma placa que era fixada na parte frontal do pedestal, sendo que a estátua está com ótima conservação. Uma curiosidade citada por Alves (2004) foi a queda da estátua em um vendaval no ano de 1966, causando grandes danos. Posteriormente ela foi restaurada e recolocado no local onde está até hoje.
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Cabeça de Arnaldo Ballvé
Continuando na sequência de posts com obras da Praça da Alfândega, esta é uma cabeça feita por Paulo Ruschel a pedido da "Radiofonia gaúcha" e inaugurada 1962. Alves (2004) comenta que uma placa sobre o homenageado fora roubada em 1999. Nota-se que atualmente existe uma placa mas possivelmente esta seja uma cópia da original. A obra originalmente tinha um óculos, mas este foi retirado e deixado sob a guarda da Associação Riograndense de Imprensa. O monumento se encontra em um dos piores lugares da praça em termos de iluminação, sendo que passa quase despercebido pela população que circula pelo local.
Busto de Antônio Carlos Lopes
Outro busto localizado na Praça da Alfândega sendo este inaugurado em 7 de setembro de 1936 em cerimônia com o oficial Paranhos Nunes discursando. O busto é de autoria de Walter Drechsler e em seu projeto inicial previa que o monumento fosse circulado por dois muros onde estátuas de leões faziam o arremate, inexplicavelmente esta ideia nunca saiu do papel (ALVES, 2004).
O pesquisador José Francisco Alves (2004) aponta duas curiosidades nas placas comemorativas fixadas no monumento. O primeiro é a inscrição "A Antônio Carlos Lopes homenagem dos Tiros de Guerra no Centenário Farroupilha", sendo que o ano do centenário foi em 1935, sugere-se que existiu um atraso de um ano na inauguração. O segundo ponto é este ser mais um dos monumentos que apresenta alusões ao falso bicentenário de Porto Alegre pela seguinte placa já roubada: "Ao fundador dos Tiros de Guerra homenagem dos Tiros 4 e 318 / Bi-centenário de Porto Alegre 1740-1940".
O destaque negativo é que o monumento está situado no meio de um grande jardim cercado na Praça da Alfândega, ficando muito distante do passeio público, tornando assim difícil a leitura de sua placa. A foto do post tem uma qualidade ruim por este exato motivo.
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
Busto de Leonardo Truda
Busto em homenagem a Francisco Leonardo Truda, jornalista e um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Rio Grande do Sul. A obra foi inaugurada em 17 de novembro de 1956 na Praça da Alfândega em cerimônia com discursos de Cilon Rosa. A localização da obra dentro do logradouro público tem importância pois é de frente onde funcionou a antiga sede do jornal Diário de Notícias. Leone Lonardi assina o trabalho, sendo que originalmente existiam na base do pedestal uma pilha de jornais em bronze, sendo estes roubados em agosto de 1999 (ALVES, 2004).
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
terça-feira, 20 de maio de 2014
O Polêmico Busto do Barão de Santo Ângelo
Obra criada em 1918 por Eduardo de Sá após uma avalanche de polêmicas com o escultor Pinto de Couto. O homenageado é o Barão de Santo Ângelo (Manoel Araújo Porto Alegre) que foi um pintor e poeta que apoio o inicio do movimento artístico brasileiro. Segundo Alves (2004), o monumento havia sido instalado na Praça da Alfândega em janeiro de 1918, mas somente em 17 de junho de 1918 é que foi inaugurado com cerimônia onde discursou Alcides Maia. O pedestal em granito foi executado por Antônio Cadória e para Doberstein (2002) apresenta volutas que representam claves de sol. Existia um ornamento em bronze de uma harpa com três estrelas, mas este foi roubado há muito tempo atrás (ALVES, 2004).
A polêmica que permeia a obra advém do concurso nacional publicado no jornal A Federação de 25 de abril de 1917. Dos cinco autores que se inscreveram, dois foram selecionados para serem julgados, sendo Eduardo de Sá e Pinto de Couto. Em 2 de junho o jornal divulga Sá como o vencedor da concorrência. Couto discordou da escolha feita e pediu que o intende José Montaury e o Presidente do Estado Borges de Medeiros enviassem os dois projetos para avaliação na Escola Nacional de Belas Artes (ALVES, 2004).
Logo após a divulgação do ganhador, surgiram diversas opiniões que também divergiam sobre a proposta escolhida, principalmente no jornal Última Hora. Mesmo com a divergência, nada mudava na situação do resultado, foi então que Pinto de Couto publicou um livro intitulado "O Monumento ao Barão de Santo Ângelo" já em 1918. O autor nomeia o fato como o "caso das maquetes" e enuncia que sua representação do Barão de Santo Ângelo, que era feita com um busto de meio corpo onde o homenageado segurava uma aquarela, representa a principal faceta de reconhecimento do Barão: a pintura (ALVES, 2004).
O grande problema do projeto de Pinto de Couto pelo visto foi destacar apenas o aspecto da pintura dentro da vida de Manoel Porto Alegre, ou seja, seria uma espécie de simplificação. Eduardo Guimarães que fez parte da comissão julgadora dos projetos, apontou que a obra desclassificada era simplista por tratar apenas uma faceta do homenageado e até mesmo vulgar pelos seus adereços (ALVES, 2004).
A placa da imagem acima foi fixada posteriormente, originalmente no pedestal o texto havia sido colocado letra por letra. (ALVES, 2004).
ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Estatuários, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2002.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Samaritana
Talvez uma das estátuas mais comentadas nos últimos anos em Porto Alegre, a Samaritana estava desde 2002 fora da Praça de Alfândega, sendo o seu retorno praticamente uma década depois. Mas como comentou Chaves (2012) a peça que está atualmente no local é uma cópia, tendo em vista que a original sofreu uma ação de depredação tão grande que foi cortada ao meio.
A estátua da Samaritana original foi feita por Alfred Adloff em 1925 e ficava na frente do Paço Municipal sendo transferida em 1935 para a Praça da Alfândega. Doberstein (2002) comenta que o apelido "samaritana" é equivocado para a obra pois ela se parece muito mais com uma camponesa portando um cântaro.
Imagens da atual estátua na Praça da Alfândega
CHAVES, Ricardo. Estátua da Samaritana. Disponível em:
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Estatuários, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2002.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Casa Estilo Missões Sendo Modificada
Uma casa no Estilo Missões (para saber mais acesse o artigo de Jorge Stocker) na Rua André Puente está sofrendo uma intervenção para criar um terceiro piso. Visualmente a fachada perde sua importância original, onde a nova parte destoa do estilo arquitetônico empregado na edificação de época.
Imagem retirada do Google Maps antes da atual obra
terça-feira, 6 de maio de 2014
Escadaria da Rua João Manoel
O Centro de Porto Alegre sempre sofreu por estar em parte situado em uma área alta. Até o início do Século XX existiam diversas ruas para interligar a parte elevada da região central com a sua mais baixa, mas devido a problemas estruturais estas viravam becos fétidos pelo acúmulo de lixo. Um dos becos que mais trazia problemas de saneamento era o da Rua João Manoel que liga a Duque de Caxias com a Fernando Machado (FESTUGATO, 2012).
Por se tratar de uma área com acentuado declive, foi apresentado um projeto de 1928 da Seção de Desenhos da Comissão de Obras Novas onde escadas e rampas eram usadas para sanar o problema, sendo este o escolhido. Possivelmente a ideia tenha sido de autoria de Christiano de la Paix Gelbert , como também foi o caso da Escadaria da Rua Dom Sebastião já citada no blog. Outro detalhe histórico é que a construção foi executada pela firma de Theo Wiederspahn sendo iniciada em 28 de agosto de 1928 e entregue em 3 de fevereiro de 1929 (FESTUGATO, 2012).
A escadaria apresenta um desenho com balaustradas na parte alta, sendo que o caminho leva a um amplo patamar onde existem duas escadas laterais para chegar na parte intermediária do trajeto. Existiam dois bancos na parte superior e dois conjuntos de luminárias, sendo que estes elementos já não existem mais. É notório que o projeto original servia como uma espécie de mirante onde se podia admirar o Guaíba, mas com o passar do tempo prédios e o crescimento desregulado da vegetação ocuparam toda a área, fazendo com que a Escadaria da Rua João Manoel perdesse o seu charme de outrora. Com isso também veio sua depredação, tornando o local até de certa forma ermo e usado constantemente para necessidades fisiológicas de transeuntes.
Imagem da vista que a escadaria tinha. Retirado de Festugato (2012, p. 45)
FESTUGATO, Taísa. A arquitetura de Christiano de la Paix Gelbert em Porto Alegre (1925-1953). 2012, 180 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)-Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/67061> . Acesso em: 06 maio 2014.